Ligo directo para a caixa de correio só para ouvir a tua voz,
Sei que é cena fora mas todo o dia chega a hora
em queo lado esquerdo chora quando se lembra de nós
A vida corre tranquila, cada vez menos reguila
meto guita de parte e a cabeça não vacila tanto
Para minha alegria e meu espanto
Pode ser que o passado fique por onde deve estar:
No pretérito imperfeito, já que não é mais-que-perfeito,
Este é um presente que eu aceito
Para atingir a tranquilidade
Que supostamente se atinge com a nossa idade
A verdade é que a saudade do que passou
Não é mais que muita...
Mas por muita força que faça ela passa por saber que te vivi...
Tu deste tudo e eu joguei, arrisquei e perdi
(...)
Cada vez que eu ligo tento deixar mensagem
mas acabo por nunca arranjar a coragem
Necessária
Gostava apenas de partilhar o quotidiano habitual
Nada que se compare com as correrias
doutras alturas e doutros abismos
E já que falo por eufemismos
Gostava de dizer que ainda gosto bastante de ti...
A casa tá diferente, parece digna de gente
Dá gosto sentar no sofá com a tv pela frente
Comprei uma máquina de café Xpto, bem bonita, azul bebé
Ocasionalmente cozinho e bebo o meu vinho
E esqueço o fumo que nos dava aquele quentinho
Hoje em dia é mais à base do ar condicionado
Condicionei a tentação num clima controlado
Quero que saibas que tou bem, sei que tu mais ou menos
Sempre gostaste de brincar em perigosos terrenos
Em relação a isso eu não sei o que fazer
E se calhar é por isso mesmo que acabo por não dizer
que a verdade é que a saudade do que passou
Não é mais que muita...
Mas por muita força que faça ela passa por saber que te vivi...
Tu deste tudo e eu joguei, arrisquei e perdi
Da Weasel - Mundos Mudos
lamentos de alegria
no meio termo entre a poesia e a tentativa
segunda-feira
terça-feira
um dia disse-te entre as frases que nunca acabavam que amar-te-ia até à morte
assim desta forma tão fria que só trás dúvida
tu duvidaste
eu duvidei
...
um dia disse-te entre as frases que nunca acabavam que amar-te-ia até à morte
como vês ainda respiro
segunda-feira
toma conta de mim
um dia vou acordar no meio do frio, perdido na noite, sem que ninguém me veja. Nesse dia vou gritar, vou correr e vou tentar alcançar a minha presença mas ela será dispensável. Irei chamar por ti mas há muito que tu não me ouves, a tristeza vai inundar as minhas vias respiratórias e o meu coração baterá a mil à hora, terei medo como tinha em criança quando alguma coisa me assustava à noite... Mas já não vou ter os lençois, muito menos a inocência para me proteger. Restar-me-á assumir a posição fetal e na nudez dos meus erros verei o dia a nascer por entre as mãos que timidamente me tapam o rosto. Levantar-me-ei e estarei sozinho, nesse dia vou ter a paz, calma e irei dizer: Este é o dia mais perfeito da minha vida, este é o dia em que vou morrer.
domingo
love lies are eternal
still remember the moment you said goodbye
I never thought it was for real this time
years passed and passed
and pain never left
I could lie to you
I could tell you it's all right
but no more lies from now on
yes, I still want you for real
please call me
say you're coming home
I will leave my other self to yesterday
'cause nothing more I can do
I still want
I still feel
my heart still yours
you still inside of me
the truth may hurt for a while
but love lies...
those are eternal
limbo
o tempo
uma linha que estica e encolhe
uma linha que moldamos
sem saber
que mesmo assim
tudo segue o seu rumo
sem controlo
o tempo
que ontem era curto
que hoje é vasto
penoso
o fogo de artifício que deu lugar ao escuro
o escuro que trouxe consigo as nuvens
o tempo que hoje é vasto
...
deito a cabeça na areia
engano-me a mim próprio fingindo que vou adormecer
atiro-me ao mar e mergulho no meu julgamento
a noite passa sem bonança
o dia chega e sem querer
traz consigo a esperança
amanheço ao largo praia da minha vida
silêncio
alguém mais quer esta paz?
Sonhos
Um dia disseram que a noite havia de ter formas
que os dias começavam com a frieza do tempo
Ninguém percebeu
que os dias deviam ter a forma da noite
sem ninguém poder controlar
que as emoções não se podiam perder
ninguém nos dirá quando podemos amar
ninguém nos poderá obrigar a sofrer
mas tu queres
tu não consegues
não podes sair daqui
não podes viver o que não queres
tu não és só àgua
nem luz
muito menos matéria
tu és o que quiseram que fosses
tu és o espelho de milhares de anos de opressão
tu não vives
tu sonhas
tu não sentes
tu não existes
Passado, presente e magia
Era um amanhecer prateado
lindo
Para todo o lado onde olhavam
só viam os seus reflexos
forças de um futuro melhor
que esperaram tantas vezes
durante aquele tempo não falaram
não interessava
só lhes podia tocar a respiração
um do outro
e ouviram a música do mundo
cantaram em silêncio
choraram sem lágrimas
riram sem ter motivo
e foram felizes
como era no príncipio
agora e sempre
sexta-feira
Laços
Sem forças para te dar
consigo sentir, ver a tua dor,
chamo a este bem o teu mal
ergo-me para te levantar
num gesto que repito sem parar
Por ti
Por quem sempre esteve dentro de mim
por quem ganhou uma vida igual
ainda que seja de pobreza
de quem nem sempre te pode dar
mas que estará no teu altar
que te vai abraçar no fim dos tempos
para que juntos
relembremos todos os momentos
Para ti
Como foi no início
Como é hoje
Como será sempre
Irmãos
Dedicado a R.F.F.R.
sábado
Anjo perdido na tempestade
esta noite espero por ti
pergunta às sombras da lua por mim
porque nesta noite eterna
deixar-me-ei adormecer nos teus braços
farei teus os meus pedaços
serei teu acima de qualquer condição
e para lá da tão chamada razão
serei completo no teu seio
dar-me-ás a explicação
para o caminho que fiz até ti
fecha os olhos e adormece
vem ter comigo
mais do que o mundo possa querer
pela nossa vontade maior de ser
vem
sexta-feira
Razão
preso nas paredes do sofrimento
espero pelo teu abraço
Rainha do meu desejo
sozinho choro
em silêncio
Consegues ouvir?
livra-me do pesar…
sinto-me tão asfixiado
como se me estivesse a afogar
num mar de escuridão
sem ter uma mão
que me mostre o caminho
que me ajude
que não me deixe sozinho
estarei a desaparecer?
domingo
Iniciação a uma vida quase fodida
a certeza de um momento que não acontece
a vontade de dizer: desaparece!
não há explicação, há extinção
da condição
e as queixas de uma vida
quase iniciada
quase alcançada
e o luto
bem sorridente
da morte nada surpreendente
de uma vida de puto
de uma vida quase fodida
quase encantada
quase vivida
sábado
Estrela
se eu pudesse agarrar o sol
mas o sol não é meu
e eu não o quero
porque o sol não é seu
ele brilha porque é nosso
nós temo-lo mas não o merecemos
não o queremos
e eu não posso
e eu não quero
trazê-lo para junto de mim
obrigâ-lo a ver
o negro que ilumina
porque o sol longe tudo
vive na paz
de quem pensa
que tudo
que tudo é perfeito
vou fugir
não quero mais
só eu
não consigo
sozinho
não consigo
não me abandones sol
ilumina a minha sombra
mostra-me a tua perfeição
leva-me contigo
e aquece os meus sentidos
está frio
não te sinto
não consigo
volta!
terça-feira
Fuga
no dia que fugimos não te vi
e eu que te amava
toquei e não vieste cá fora
disseste que o tempo não chegava
no dia que fugimos tu não me ouviste
disse-te o que te sentia
de verdade
prometi-te um mundo só teu
prometi-te tudo que era meu
disseste para voltar mais tarde
no dia que fugimos saí dali sozinho
nem sequer me viste dar um beijo
para levar comigo no caminho
no dia que fugimos eu não desisti
não me dei o capítulo por encerrado
e vivi o nosso sonho de amor
num monólogo exagerado
no dia em que fugimos tu não estavas em casa
(Inspirado por um livro de Fernando Alvim)
domingo
Inexplicável
Lembro-me da sensação manhã/tarde seguinte.
Quando o sol me acordava espreitando por entre as nuvens
queimando o meu rosto desidratado, como um chamamento
Bom dia
Acordava e era tudo tão simples,
um cigarro aceso na varanda sentado
e flashbacks de uma noite
que não havia sequer terminado
Por entre os primeiros pensamentos
Explicações
Ansiava pelo momento seguinte
em que tudo se confirmava para lá do sonho vivido
E era tudo tão bom
Indiscritivelmente real
e puro
Passou tudo depressa
a juventude já não existe.
E hoje não podendo viver esses momentos
guardo-os dentro de mim
como algo
que não sei explicar.
Pedaços
Sentei-me e li
com medo de fraquejar,
tinha uma foto a meu lado
uma foto com alma cinzenta
daquela com quem te esqueci
articulei as primeiras sílabas
memórias
que saltavam daquela página
e as palavras não eram tuas
e o choro não era meu
Voei
Sonhei
Amei
O telefone toca
E o sonho acordou triste e solitário
segunda-feira
Sombra
Triste fado que me acompanha
me persegue
inundando as minhas veias de ilusão
esperança
que me consome
mesmo sabendo que estou só
e mais ninguém
nem um outro caminho
é possível
desvaneço
triste fado que é o meu
sábado
A (minha) casa
Em cada passo te sinto
em cada esquina voltas no meu sentido
em palavras não te consigo dizer
porque tu, só tu és assim
As tuas ruas são os meus corredores
os teus jardins são o meu palácio
de cristal
e na varanda me sento
vejo o rio
que é d'oiro
desaguando numa foz sempre solarenga
tu só tu, és a minha casa
nela me encontro num caminho
que nunca acaba
até ser dia nesta ribeira
tú só tu, és o meu
porto
domingo
Começar de novo
é difícil encarar esta tela branca
é difícil saber que ela se vai encher
de palavras que não quero ler
não sei por quanto tempo vou estar assim
por enquanto aproveito para ser
para fazer
aquilo que eu nunca fui
um retrato aberto em todos os lados
um murmúrio que não se aguenta
não se deixa estar
por enquanto estou aqui
amanhã não sei